Coxim-MS - Não é fácil para nós
falarmos a respeito dos sofrimentos que temos em nossa vida e, muito menos,
refletir sobre as implicações que estes sofrimentos têm em nossa existência.
Quando olhamos para o nosso sofrimento somos obrigados a examinar a nossa vida
profundamente, porque sempre nos parece que o nosso sofrimento é injusto. E é
nesse momento que surge perguntas do tipo: “Por que isso acontece comigo?”.
Essa pergunta revela algo muito importante
para nós. Ela revela a nossa fragilidade, a nossa fraqueza frente ao
sofrimento. Os sofrimentos se mostram de diversas formas em nossas vidas: nas
enfermidades, nas fraquezas, em famílias afligidas pelas drogas, pelo
desemprego, pela desarmonia no lar, etc.
De fato não é fácil para nós lidarmos com a
dor, e se possível, sempre buscamos lugares onde esses sofrimentos não estão
presentes. Tentamos, mesmo que sem sucesso, fugir de tudo aquilo que pode vir a
nos fazer sofrer. E, Frente a tudo o que o sofrimento representa em nossa vida,
está também o pensamento de que Deus está alheio, ou seja, longe de nós
enquanto sofremos.
O rei Davi sabe muito bem qual o sentimento
que o sofrimento de uma alma fragilizada pela dor pode trazer ao ser humano.
Ele mesmo experimentou tal sofrimento em sua vida devido a sua desobediência a
Deus. Mas em meio ao seu sofrimento, o rei Davi aponta para a presença de Deus
e o seu socorro bem presente: “Senhor, meu Deus, clamei a ti por socorro,
e tu me saraste” (Sl 30. 3).
O Apóstolo Pedro também sabe o que a dor de
uma alma angustiada pode trazer: Tristeza.
Esse era o sentimento que estava no coração do apóstolo. Frente a toda alegria
que a ressurreição estava provocando em seus companheiros e amigos, Pedro ainda
tinha em seu coração a tristeza causada por ter negado seu mestre, amigo e
Salvador.
Agora, Jesus vai de encontro a esse
sentimento que estava no coração do apóstolo, oferecendo para ele aquilo que
ele mais necessitava naquele momento: A certeza do amor de Deus. Amor que está
presente no perdão que Cristo estava lhe oferecendo. Um amor que transforma a
vida do apóstolo, esvazia a sua alma de toda a sua auto-justiça e a preenche
com o amor e o perdão do Salvador. Por meio desse amor Pedro podia sentir junto
com seus companheiros a alegria que a ressurreição de Jesus provocava. Não
apenas sentir, mas também testemunhar sobre essa ressurreição: “Apascenta
as minhas ovelhas”.(Jo 21.17).
Quando comparamos a nossa vida com as vidas
do rei Davi e do apóstolo Pedro, chegamos à conclusão que o sofrimento é uma
realidade de todo o ser humano. Ela esta presente na vida de todas as pessoas.
Às vezes de uma maneira mais acentuada, outras vezes, mais branda, mas sempre
está presente.
No entanto o que nos traz consolo é que Deus
não está alheio ao nosso sofrimento. Ele não está longe de nós quando sofremos.
Pelo contrário, é em meio ao nosso sofrimento que Deus se faz presente,
oferecendo a cada um de nós cuidados, amparo, consolo e a força para podermos
suportar com fé toda a dor causada pelo sofrimento.
O sofrimento sempre será uma realidade em
nossa vida. Ele é conseqüência do nosso pecado. O que se faz diferente em
nossas vidas é que temos um lugar onde podemos encontrar socorro e alívio para
as nossas dores: a sombra da cruz.
Na sombra da cruz, temos a certeza de que
Deus não nos rejeita por causa do nosso sofrimento, mas antes nos acolhe, cuida
das nossas feridas, oferece descanso para as nossas almas cansadas por causa do
sofrimento e nos oferece o remédio para a nossa enfermidade, o perdão.
A cruz
do Salvador Jesus revela para nós agora aquilo que os nossos olhos cansados
devido ao sofrimento já não mais conseguem enxergar: o amor de Deus. Um amor que preenche o vazio de nossas vidas, nos
levanta dos escombros causados pelo sofrimento e nos coloca dentro do reino de
Deus.
Um amor que preencheu a vida do Rei Davi e
deu-lhe a certeza do perdão e do socorro de Deus, por isso ele pode dizer: “Eu
te exaltarei, ó SENHOR, porque tu me livraste e não permitiste que os meus
inimigos se alegrassem contra mim” (Sl 30.1)
Esse
amor também preencheu a vida de Pedro, dando-lhe a certeza de que Deus o havia
perdoado e estava lhe chamando novamente para ser testemunha da ressurreição do
Salvador: “segue-me” (Jo 21. 22).
Esse
amor preenche as nossas vidas quebradas pelo sofrimento dando-nos a certeza de
que Deus não apenas olha para o nosso sofrimento, mas que por meio de Jesus,
ele nos oferece a restauração, a reconstrução de nossa vida por meio do perdão
que ele nos oferece e da vida em seu reino.
Viver no reino de Deus tem seu início já aqui
nesse mundo. É o viver diário do perdão que Jesus nos oferece. É reconhecer a
nossa fragilidade diante do nosso pecado, o qual é o causador de nosso
sofrimento e da necessidade que temos de ser amparados e cuidados pelo próprio
Deus.
É um colocar-se diário aos pés do Salvador
pedindo-lhe que ele possa nos socorrer em meio ao mar de dor e sofrimento em
que vivemos na certeza de que ele nos ouve e nos socorre, pois ele mesmo é que
nos convida para entregarmos a ele a nossa vida: “venham a mim todos vocês que
estão cansados de carregar as suas pesadas cargas e eu vos darei descanso”.
Conclusão: Falar do nosso sofrimento não é
fácil para nós. Isso representa abrir as nossas vidas cheias de dores,
fraquezas e fragilidades. E, isso não é fácil para nós. Diante dessa nossa
dificuldade, Jesus vem ao encontro de
nosso sofrimento e nos oferece o “amor
de Deus”. Amor que nos dá a certeza de que Deus não nos abandona quando
sofremos, mas antes nos acolhe e nos oferece cuidados. Esse foi o amor que
Jesus ofereceu a Pedro. Esse foi o amor que o Rei Davi pode sentir. O Amor que
preenche nossas vidas com o perdão, a salvação e vida no reino Deus, sob os
cuidados do próprio Deus. Amém.
Pastor Elton Americo
PEL Paz Coxim-MS