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sábado, 22 de janeiro de 2011

A Bondade de Deus e a nossa gratidão! Sl 67

Juventude para quê? Essa é a grande pergunta que acompanhou um grupo de jovens durante um retiro onde o grande tema era "quem nós somos?". Essa pergunta está diretamente ligada com nossa identidade. É interessante, que sempre que refletimos a respeito de nós mesmos, de quem somos, refletimos também a respeito de Deus e tudo o quanto ele faz por nós. Por isso, refletir sobre a nossa identidade é na verdade refletir sobre a bondade de Deus para conosco e a nossa gratidão a essa bondade. Em resumo, é podermos olhar para a ação de Deus em nos preservar, nos dar o sustento, a proteção, o necessário para a vida e também a sua bênção. Na explicação do primeiro artigo Martinho Lutero mostra qual o significado desse artigo para a nossa vida: “Creio que Deus me criou a mim e a todas as criaturas; e me deu corpo e alma, ouvidos e todos os membros, razão e todos os sentidos, e ainda os conserva; além disso, me dá vestes, calçado, comida e bebida, casa lar, esposa e filhos, campos, gado todos os bens. Supre-me abundantemente e diariamente de todo o necessário para o corpo e a vida; protege-me contra todos os perigos e me guarda de todo o mal.E tudo isso faz unicamente por sua paterna e divina bondade e misericórdia, sem nenhum mérito ou dignidade da minha parte. Por tudo isso devo dar-lhe graças e louvor, servi-lo e obedecer-lhe. Isto é certamente verdade.”
Essas palavras nos convidam a olhar em três direções: 1° Quem somos: criaturas de Deus; 2° Como Deus trata as suas criaturas; 3° Como respondemos a esse cuidado de Deus: com gratidão.
Quando olhamos para a leitura do Salmo do dia podemos ver essas direções bem presentes. Elas estão presentes nas palavras do Salmista que nos convida a olharmos para a graça de Deus (sua bondade) e nela colocarmos a nossa vida e confiança.

1° Parte: Quem somos? Criaturas de Deus:
As palavras do salmista: “Seja Deus gracioso para conosco e nos abençoe e faça resplandecer sobre nós o seu rosto traz para nós a idéia do “Deus conosco”, ou seja, um Deus que sempre está ao lado da sua criação. É do “Deus conosco” que procede a vida, “e formou o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” Gn 2.7. É dele também que procede a Salvação: “Eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho, ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer Deus conosco).
É interessante notar este aspecto do “Deus conosco”, pois é a esse Deus que o salmista busca a graça – “Seja Deus gracioso” - e a bênção – “faça resplandecer sobre nós o rosto.”
Essa graça e bênção estão diretamente ligadas ao louvor e gratidão do povo sobre a sua colheita. O povo reconhece, por meio da colheita abundante, o cuidado e o sustento de Deus, e em resposta a esse sustento rendem graças a Deus.
Reconhecer o cuidado e o sustento de Deus é reconhecer também que Deus nos criou e também nos preserva nesse mundo, é ele que nos dá força, saúde, sabedoria para o trabalho: “Creio que Deus me criou a mim e a todas as criaturas; e me deu corpo e alma, ouvidos e todos os membros, razão e todos os sentidos, e ainda os conserva...”, ou como nos coloca o Salmo 145. 14.15: “Ele (Deus) ajuda os que estão em dificuldade e levanta os que caem. Todos os seres vivos olham para ele com esperança, e ele dá alimento a todos no tempo certo” (NTLH).


2° Parte: Como Deus trata as suas criaturas

É interessante notar o cuidado de Deus para com seu povo, tanto no passado, como hoje no presente. Lutero resume esse cuidado de Deus da seguinte forma: “E tudo isso faz unicamente por sua paterna e divina bondade e misericórdia, sem nenhum mérito ou dignidade da minha parte”. Esse cuidado de Deus não é baseado naquilo que o povo (nós) pode oferecer a Deus. Não há nada que o povo possa oferecer a não ser, os próprios pecados. As palavras “sem mérito” ou “dignidade” querem dizer: sem obras que possam ser realizadas e nada que possa oferecer de si mesmo. Assim, não há nada que possamos fazer e nada que possamos oferecer a Deus para que possamos merecer a sua misericórdia.
É nesse sentido que agora podemos compreender as palavras “para que conheçam na terra os teus caminhos e, em todas as nações a tua salvação”. Os “caminhos de Deus” aqui na terra estão ligados com a sua salvação. E ambos só podem ser conhecidos porque Deus nos dá a conhecer, pelo seu cuidado e pela sua bondade, os quais estão revelados em Jesus. O apóstolo Paulo nos revela essa bondade a qual está presente em Jesus quando diz: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões” (2 Co 5.20); ou ainda “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo...e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.4,5,8).
Diante dessa bondade somos convidados a colocar toda a nossa vida, certos de que o “Deus Conosco”, Jesus, nos acolhe, cuida de nós e nos convida a vivermos em confiança no “caminho” e na “salvação de Deus”. Viver no caminho e na salvação de Deus é viver sob seus cuidados e diante da sua bondade. Bondade que se revela a cada dia para nós, pelo pão diário, nas relações entre pais e filhos, no nosso emprego, etc. Somos sempre de novo convidados a cada manhã recomeçar as nossas vidas diante da bondade de Deus, tendo a certeza e a fé, que o próprio Deus, por meio de Jesus e quem nos ajuda e fortalece.

3° Como respondemos a esse cuidado de Deus: com gratidão.

Diante desse amor e cuidado de Deus nós respondemos com as nossas ações de graças, ou seja, nos juntamos ao Salmista Davi e rendemos graças a Deus por sua bondade, pelo seu cuidado, pelo seu sustento e pela sua salvação. Como? Vivendo as bênçãos, ou seja, os frutos dessa bondade em nossa vida. O convite do Salmista é “Louvem-te os povos o Deus... Alegrem-se e exultem-se as gentes” (Sl 67.3-5). Ou como nos coloca Lutero: “Por tudo isso devo dar-lhe graças e louvor, servi-lo e obedecer-lhe. Isto é certamente verdade”. Servir, obedecer, louvar e agradecer a Deus e deixar Deus ser Deus na nossa vida, reconhecê-lo como criador e também salvador. É nesse sentido que cantamos: “Seja Deus gracioso para conosco e nos abençoe”. Assim, não só estaremos rendendo graças ao nome de Deus, mas estaremos também anunciando, por meio de nossas vidas e dos cuidados de Deus, a bondade e salvação de Deus a todas as nações. Bondade e salvação que nos guia pelo caminho rumo ao céu. Amém.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O Amor de Deus não tem limites! - Ef 1.3-14

Sapiranga - RS: "Bendito seja o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda a sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais, em Cristo..." Ef 1.3.

Chegamos novamente ao início de um novo ano. Ao iniciarmos essa nova caminhada em um novo ano temos a oportunidade de poder olhar para o ano que se passou e ver o que foi bom, o que precisamos melhorar, o que desejamos fazer de novo, etc. Dessa forma, diante desse olhar para traz o novo ano representa para cada um de nós uma nova oportunidade de recomeço, novas promessas, novos projetos, etc.
Para o povo de Deus, o novo ano é sempre um novo tempo de gratidão e louvor. Gratidão e louvor pela bênção e proteção que Deus dispensou a cada um de nós. Bênção e proteção que estiveram presentes em cada dia do ano que passou. Bênção e proteção que se renovam em nossas vidas juntamente com o novo ano que se abre aos nossos olhos. É diante dessa graça de Deus, que juntamente com o apóstolo Paulo, louvamos e agradecemos a Deus: "Bendito seja o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda a sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais, em Cristo..." Ef 1.3.
Essas palavras de louvor e gratidão do apóstolo Paulo nos convida a refletir e também a poder ver com clareza a "graça" de Deus por cada um de nós. Uma graça que se renova a cada manhã, quando temos sempre de novo a oportunidade de podermos "ressuscitar" (acordar) para um novo dia.
Diante de toda essa bênção que Deus dispensa por cada um de nós, muitas vezes surge a pergunta: Qual o tamanho da graça de Deus?
Antes de podermos refletir qual é o tamanho da graça de Deus por cada um de nós, precisamos entender bem o que significa a palavra "graça". A palavra "graça", ao pé da letra, tem como significado "um favor imerecido", algo que não se possa conquistar ou alcançar por esforço próprio e nem ser comprado por valor algum. É algo que precisa vir de fora de nós.
Um teólogo famoso definiu graça com a seguinte ilustração: "Imaginem um rei vestido com toda a sua riqueza, com as mais caras jóias e roupas abaixando para ajudar um mendigo imundo, malcheiroso, cheio de feridas e para completar, criminoso."
Quando olhamos para o natal vemos a história desse rei. Jesus é o "rei" que deixa o seu reino, o céu, para vir ao nosso encontro, nós que somos, por causa do nosso pecado, o mendigo imundo, malcheiroso, cheio de feridas e "criminoso". Assim, ao vir habitar entre nós, Jesus "abaixa-se" para nos ajudar. E agora, na manjedoura de Belém e na Cruz, podemos ver Jesus abaixando-se em nossa direção e ali, em Jesus podemos encontrar toda a ajuda que necessitamos.
Assim, "graça" torna-se para nós muito mais que apenas um "favor imerecido", ela torna-se para nós e "amor sem limites". O amor sem limites de Deus por cada um de nós.
É diante desse amor sem limites, revelado em Jesus, que somos "agraciados" por Deus com toda a sorte de bênçãos espirituais. Paulo enumera essas bênçãos de Deus em nossa vida da seguinte forma: Em Cristo nós somos; 1. Escolhidos por Deus, antes da fundação do mundo para sermos filhos de Deus; 2. Libertados de nosso pecado, sendo perdoados "pelo seu sangue"; 3. Reunidos todos em Cristo para vivermos a esperança da vida eterna em seu reino; 4. Recebemos a herança prometida, ou seja, o céu e a vida sob os cuidados de Deus.
Toda essa bênção Deus nos dá porque nos ama, e não porque uns merecem e outros não. Ao revelar a nós o mistério de sua vontade, como nos coloca o jovem pastor Timóteo "que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade" (1 Tm 2.4), Deus está revelando para nós o seu modo de agir.Um modo de agir diferente de como nós queremos que Deus aja. Deus não diz a nós: "Vou amá-lo quando...", ou, "Amo você porque...", ou, "vou amá-los se..." Ele diz "Amo você" e ponto final. O seu amor não está condicionado ao que fazemos ou deixamos de fazer. Se assim fosse, não seria graça, seria barganha.
E para garantir que esse amor que Deus nos oferece, em Jesus (manjedoura e cruz) seja de fato nosso, o próprio Deus nos envia o Espírito Santo, o qual faz brotar em nossos corações a fé verdadeira que se agarra a essas bênçãos que Deus nos oferece, em seu amor, Jesus.
É diante desse amor sem limites que recebemos uma nova vida como filhos amados de Deus. E diante dessa nova vida podemos agora fazer os nossos planos, promessas e projetos para o novo ano, certos de que Deus mesmo é quem nos abençoa.
Por isso, a partir dessa nova vida que Deus nos dá em Cristo, tudo que fazemos, fazemos para louvor, honra e gratidão a Deus que nos oferece uma nova oportunidade de recomeço diante do seu amor. Assim, a nossa vida toda, o ser um bom pai, uma boa mãe, um bom funcionário, um bom patrão, amigo, etc. torna-se o mais sublime louvor e gratidão a Deus.
Quando vivemos essa nova vida, guiados pelo "amor" que Deus dispensa a cada um de nós, deixando que esse amor esteja presente nossas relações (marido e mulher, pai e filho, patrão e empregado) estamos também testemunhando ao nosso próximo, por meio do nosso viver diário e pelas nossa ações (ser bom marido, mulher etc.)a salvação que Deus nos oferece.
Uma salvação que nos acolhe em meio a nossa sujeira, mau cheiro, feridas, imperfeição e fracasso e nos oferece consolo, amparo, cuidados, perdão e amor. Um amor sem limites e que nos abre o céu. Amém.

Elton Americo - Sapiranga - RS