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quinta-feira, 7 de março de 2013

Lágrimas de Amor - Lc 13.31-35

Coxim-MS - "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que lhe foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não quiseste!" (Lc 13.34).

Existe um ditado popular que diz que "aquilo que os olhos não vêem o coração não sente". Poderíamos afirmar que o contrário também é verdadeiro: "Aquilo que os olhos podem ver o coração também pode sentir". Por exemplo, se aquilo que os nossos olhos vêem são coisas boas, agradáveis, então os sentimentos que o coração experimenta é de alegria, gratidão, felicidade. Se, entretanto, aquilo que os nossos olhos vêem não é aquilo que desejamos, ou que esperamos, ou que achamos correto e bom, então um profundo sentimento de tristeza e lágrimas invadem o nosso coração.
Vivemos em nossa vida quase que simultaneamente esses dois sentimentos. Por hora tudo parece bem, alegre, feliz. Desfrutamos com os nossos olhos as coisas boas que estão a nossa volta como, a felicidade do lar, uma boa amizade, o crescimento da nossa igreja, etc. Então, o nosso coração é inundado por um sentimento de alegria. Outras vezes, fechamos os nossos olhos para não ver o que está a nossa volta, pois, tudo o que os nossos olhos conseguem enxergar são tristezas, lamentos e desilusões.

Nos olhos de Jesus vemos também esses dois sentimentos presentes: o Amor e a dor. E, os dois sentimentos presentes nos olhos e no coração de Jesus estão apontados para o mesmo lugar: JERUSALÉM. Por amar o seu povo, o qual Deus escolheu e reservou para si, o coração de Jesus sofre, sente a dor e chora por ver o destino final que o povo estava escolhendo para si: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que lhe foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não quiseste!" (Lc 13.34).

Como deve ser doloroso para o Salvador ver com os seus próprios olhos a rejeição e o desprezo daqueles que tanto ama e, o caminho que esse desprezo estava os levando; Perdição, condenação. E, esse caminho que Jerusalém escolhera para si acabaria na cruz. Jesus não somente seria morto em Jerusalém, mas por Jerusalém. Essa é a realidade que os olhos de Jesus contemplam. É essa realidade que faz com que em profunda tristeza Jesus chore por Jerusalém.

Hoje, o povo de Deus do presente, a sua igreja, nós, representamos JERUSALÉM. Nós somos, por meio da fé, conforme nos coloca o apóstolo Pedro: "raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus..." (1 Pe 2.9). Como povo de Deus vivemos como os nossos olhos fixos em sua Palavra e Sacramento. E o que os nossos olhos veem por meio da Palavra e dos Sacramentos? A Cristo, sendo dado a nós por meio da Palavra, do Batismo e da Santa Ceia. Quando estamos unidos pela fé a esses elementos, estamos unidos com o próprio Jesus. E conforme afirma nosso Salvador, "Quem vê a mim, vê também aquele que me enviou" (Jo 12.45), ou ainda, "quem está unido comigo, está unido também com aquele que me enviou".

Traz profunda tristeza para Deus quando um filho seu, amado e perdoado por Ele, rejeita e despreza essa comunhão. Doe muito em Deus ver um filho seu negando a salvação. Deus sofre e chora quando um filho seu escolhe o caminho da condenação.
O desejo profundo do coração de Deus é "que todos cheguem ao conhecimento da verdade e sejam salvos" (1 Tm 2.4). Essa salvação está em viver unido pela fé no Salvador Jesus. Quando temos os nossos olhos firmes na cruz e no túmulo vazio então o nosso coração se enche da alegria da salvação. É essa alegria que faz com que nós, primeiramente, encontremos forças para resistir aos "inimigos da cruz" (Fp 3.17-4.1), pois Jesus mesmo é a nossa defesa. Em segundo lugar, encontramos forças para superar e enfrentar as adversidades que nos cercam, nos dando forças mantermos os nossos olhos abertos certos de que, em Cristo, encontramos consolo, amparo, cuidados, amor e um lugar onde podemos deixar as nossas cargas pesadas, as nossas dores, aquilo que os nossos olhos não querem mais olhar, na certeza de Cristo recebe essa nossa oferta e nos diz: "vão em paz, os teus pecados estão perdoados". E, por último, essa alegria nos convida a olhar para a cruz, não com rejeição, nem com desprezo ou vergonha mas, com um coração alegre que vê por traz da cruz as portas do céu abertas para ele.

Por isso, quando um de nós se afasta dessa "Alegria Completa da salvação" Deus chora. Suas lágrimas são ao mesmo tempo de dor, por ver um filho seu se perdendo e, de amor, de um Pai que nos ama apesar do nosso pecado e dos sentimentos presentes em nosso coração. Por isso, como um a galinha, quando vê o perigo da morte assombrar os seus filhotes ela grita de todas as maneiras para atraí-los para debaixo de suas asas onde há proteção e segurança e se necessário for ela dará a vida para salvá-los. Assim também, Deus grita, chora, chama para que nós nos refugiemos debaixo de suas "ASAS" aonde também encontramos proteção, segurança e cuidado. Ali, Deus, na pessoa de Jesus, doa-se até a morte para nos salvar do perigo da morte. 
As lágrimas de Deus são lágrimas de um Pai amoroso que ama profundamente a cada um de nós e que sofre quando vê um filho seu, por sua própria decisão e vontade, rejeitar esse convite de proteção, cuidado e salvação.

Conclusão: "O que os olhos vêem o coração pode sentir". Jesus nos convida a olharmos através de seus olhos e de suas lágrimas e vermos o amor de Deus. Amor presente no caminho da cruz. Amor que nos dá a alegria da Salvação. Amor que nos faz contemplar, com os nossos próprio olhos, o céu aberto para nós. Amém.
Pastor Elton Americo - PEL Paz Coxim-MS

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