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quinta-feira, 21 de junho de 2012

"É necessário fazer novo!" - Jo 3.1-17

Coxim-MS: Todos nós pudemos acompanhar nos últimos meses a operação “tapa buracos” que foi realizada na cidade de Coxim. Essa “operação” tinha como objetivo acabar com os buracos existentes nas ruas da cidade. Podemos dizer que essa “operação tapa buracos” trouxe duas sérias reflexões para nós: 1. Não adianta apenas tapar os buracos, remendá-los, pois tão logo vêm as chuvas e os buracos nos dão novamente o ar da sua presença; 2. É necessário fazer novo,do zero, para que seja um serviço bem feito e duradouro, que possa resistir as chuvas, aos carros pesados, etc. Olhando para o texto bíblico do evangelho a pouco lido, vemos a mesma expressão: “É necessário fazer novo” nas palavras de Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo, se alguém não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3.3). Essas palavras de Jesus apontam para duas realidades presentes em nossas vidas: 1. A nossa vida é como uma estrada cheia de buracos – não basta apenas “remendar!"; 2. Para entrar no Reino de Deus é necessário “fazer novo”! 1º Parte – A nossa vida como uma estrada cheia de buracos – não basta “remendar”! A primeira realidade que as palavras de Jesus traz aos nossos olhos é que a nossa vida é como uma estrada cheia de buracos. Sabemos que os buracos não fazem parte da estrada, pois quando ela foi construída, ela não foi planejada para ter buracos. Antes, seu construtor a projetou para que ela fosse perfeita e segura. No entanto, é inevitável que com o tempo esses buracos acabem aparecendo. São muitos os “excessos” que atingem a estrada: Sobrecarga de peso; chuvas fortes; exposição a acidentes, etc. Todas essas coisas acabam danificando a estrada fazendo com que acabe surgindo nela às imperfeições – os buracos. Como esses buracos não fazem parte da estrada eles acabam representando também um perigo para aqueles que ali trafegam. Essa é a realidade que Jesus coloca diante de Nicodemos. Essa é a realidade que Jesus coloca diante dos nossos olhos. Por causa do nosso pecado a nossa vida é cheia de buracos e imperfeições. Esses buracos e imperfeições revelam a nós a nossa fragilidade diante dos “excessos” que nos sobreveem diariamente: sofrimentos, dores, enfermidades, etc. E todos esses excessos acabam nos afastando da comunhão com nosso Deus, por nos fazer pensar que Deus não pode estar conosco, ao nosso lado, enquanto não “fecharmos” todos os buracos abertos de nossas vidas. A realidade em que viva o povo no tempo de Jesus é muito parecida com a nossa realidade: com suas enfermidades e necessidades abertas, o povo vivia a rejeição por ser-lhes anunciado o juízo de Deus por causa de suas “imperfeições”. O reino de Deus lhes era tirado pelas exigências das Leis e cerimoniais de sua religião. Assim, duas realidades se formam aos olhos do povo, e nosso também: Por um lado está o povo, estamos nós, com toda dor, enfermidade e necessidades, como feridas abertas, sofrendo a rejeição por pensar que Deus não pode estar ao lado do povo, ao nosso lado enquanto sofremos. Do outro lado está Jesus, amando, acolhendo e perdoando até mesmo o pior dos pecadores. É diante dessas duas realidades, presentes nas dúvidas de Nicodemos e nossas também, que as Palavras de Jesus vem ao encontro. Nicodemos e o povo só conheciam uma maneira de agradar a Deus: pelo cumprimento da Lei e cerimoniais de sua religião. No entanto, essas Leis e cerimoniais funcionavam somente como um “tapa buracos”. Quando a dura realidade de sofrimento e dor atingiam o povo, novamente as imperfeições e buracos na vida do povo se manifestavam e lhes traziam a dura realidade de exclusão de uma vida em comunhão com Deus que lhes eram anunciada pela própria lei. Essa muitas vezes é a nossa realidade. Achamos que ao fazermos algumas coisas, como por exemplo, vir ao culto uma vez ao mês é o suficiente no nosso relacionamento com Deus, quando na verdade estamos apenas buscando uma maneira de “tapar os buracos” existentes em nossas vidas. Achamos que ler bíblia em casa e orar é o suficiente. Meus amados irmãos, não se enganem. Isso é apenas “tapar buraco”. O problema em “tapar buracos” é que essa é apenas uma ação provisória. Basta vir as “tempestades” em nossas vidas, como enfermidade, brigas no lar, a dura tarefa de educar os filhos nos bons caminhos e até mesmo o luto, que esses buracos se manifestam novamente em nossa vida, ainda maiores, nos revelando a nossa fraqueza e fragilidade. E pior ainda, tirando de nós o que temos de mais precioso: o consolo, o amparo e a presença de Deus em nossa vida. E é diante dessa realidade que acabamos percebendo que não basta “remendar”, “maquiar” a nossa fé, “tapando buracos”. É necessário “fazer novo”. 2. Para entrar no Reino de Deus é necessário “fazer novo”! Jesus conhece as nossas necessidades, conhece a realidade de dor e sofrimento que os buracos que o pecado faz em nossas vidas. É diante dessa realidade que Jesus quer estender a nós o reino de Deus. Mas como podemos entrar nesse reino, se o nosso pecado dificulta e até impede o nosso acesso a ele? Ou como nos coloca Nicodemos: “Como é que um homem velho pode nascer de novo?” (Jo 3.4). As palavras de Jesus respondem essa nossa pergunta: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.5). Quando Jesus afirma ser necessário “fazer novo”, ou “nascer de novo”, ele esta apontando os olhos de Nicodemos, do povo e o nosso também para uma outra direção. Uma direção que está fora de nós. Jesus aponta os nossos olhos para o céu, para Deus e a sua ação. Para podermos participar do reino de Deus, é necessário ser gerado do Alto. É por meio desse “nascer do alto” que Deus refaz, faz novo, a nossa vida e o nosso relacionamento com ele. Um relacionamento fundamentado no perdão, no amor, na reconciliação e no consolo que Deus oferece. Esse novo relacionamento está presente agora na pessoa de Jesus. Quando vemos Jesus acolhendo os pecadores, cuidando de suas feridas, comendo com eles, não vemos Jesus apenas “tapando buracos”, mas sim refazendo vidas quebradas, dando-lhes o presente maravilhoso de uma vida diante do reino de Deus. Assim, viver os cuidados de Jesus é viver diante do reino de Deus. Quando olhamos para a nossa vida e a necessidade de “fazer novo”, podemos ver também o convite de Jesus: “Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28). Reconhecemos nesse convite de Jesus a necessidade de uma comunhão íntima com nosso Deus, uma comunhão que tira dos nossos ombros as pesadas cargas que causam “buracos” em nossas vidas, e nos oferece alívio, descanso, um novo ar para respirar. Esse “novo relacionamento” que surge do “nascer de novo”, está presente na pessoa de Jesus. Assim, Jesus nos convida a esvaziar o nosso coração diante dele, de sua cruz, despejar ali tudo o que pode nos causar dor, que nos faz chorar, ou sofrer, para que ele possa “refazer a nossa vida”, do alto, preenchendo nosso coração com a paz, o perdão e o amor de Deus. Preencher a nossa vida com o Consolador. Uma nova vida que nos convida a chegarmos a Deus assim como nós somos, com nossas vidas cheias de buraco, para que Deus possa “fazer novo” em nossa vida, nos fazendo nascer do alto, um habitante do seu reino de amor. Conclusão: “Não basta tapar os buracos, é necessário fazer novo”. Jesus refaz a nossa vida, dando a sua vida por nós, fazendo-nos sentir em seus cuidados, atenção e doação a presença do reino de Deus em nossa vida. É nessa perspectiva que desejamos estar sempre unidos com Cristo, por meio de sua Palavra, da Santa Ceia, batismos e de todas as formas que nos são oferecidas a graça e misericórdia de Deus. Graça e misericórdia que nos perdoa, acolhe e nos faz habitantes do seu reino de Amor. Amém. Pastor Elton Americo - PEL Paz Coxim-MS

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