quinta-feira, 24 de maio de 2012
Pentecostes - Tempo de ser "Consolados" - Jo 14.23-31
Coxim-MS: Havia na cidade uma movimentação. Todos se preparavam para uma festa. Esta festa era diferente. Lembrava coisas diferentes da última festa em que participara o povo.
Cinqüenta dias já se havia passado desde a festa da Páscoa. E agora, em vez de tristeza, ervas amargas e lembranças de tempos de dificuldade no deserto, o povo se prepara para celebrar a bondade de Deus presente na colheita dos frutos. Essa festa lembrava como Deus continuava a sustentar, preservar e cuidar do seu povo, até mesmo daqueles que já não mais lembravam-se do seu amor.
Para algumas pessoas, no entanto, essa festa representava algo diferente: Deus havia visitado o seu povo. Ele esteve no meio deles e trouxe a esse povo aquilo que eles mais precisavam; a certeza do seu amor presente na salvação que lhes oferecia.
Essa salvação que Deus estava oferecendo ao povo vinha de encontro ao sofrimento do povo e dava-lhes a certeza de que Deus os estava acolhendo em meio as suas vidas de rejeição e abandono.
Essa salvação não era algo distante do povo, pelo contrário, ela se fazia presente no meio do povo. Caminhava por entre eles, comia com eles, lhes tocava, os amava profundamente. Ela era concreta e presente na vida de cada uma daquelas pessoas.
A salvação que Deus estava oferecendo ao povo estava presente na pessoa de Jesus. O povo reconhecia que em Jesus havia algo diferente. Ao serem acolhidos, amparados e amados por Jesus sentiam-se acolhidos, amparado e amados pelo próprio Deus.
E como era importante para essas pessoas, para esse povo sentir-se novamente acolhidos nos braços de Deus. Sabiam-se, pela sua própria religião, que Deus os havia abandonado por causa do seu pecado. Sentiam em suas vidas diárias de pobreza, cegueira, doenças, abandono, a justiça de Deus sobre eles.
No entanto, mesmo reconhecendo serem merecedores dessa justiça, não lhes eram oferecidos o consolo e o amor de Deus. Antes, sua religião, seu lideres, os separavam, excluíam e os abandonavam. Ao serem abandonados e excluídos pelos seus lideres religiosos, era para o povo o mesmo que ser excluído e rejeitado pelo próprio Deus.
Quando olhamos para as nossas vidas fragilizadas pela pobreza, pelas enfermidades, pela desigualdade social, nos sentimos como o povo de Israel, desamparados e abandonados.
Diante desse nosso sofrimento, muitas vezes achamos que Deus nos abandonou. Necessitamos, assim como o povo judeu, sentirmo-nos acolhidos e amparados por Deus.
Os discípulos de Jesus, haviam também experimentado tal sentimento de abandono e tristeza. Seu amigo, mestre e salvador havia partido e subido ao céu.
Durante os três anos que estiveram juntos foram muitos foram os momentos que estiveram com ele. Comiam junto, caminhavam junto. Foram também muitos ensinamentos. Eles aprendiam, sentiam e viviam o amor e o cuidado de Deus por meio dele, do seu modo de cuidar dos famintos, dos rejeitados, dos enfermos, e deles próprios.
Os discípulos caminharam junto com ele até aquela triste noite onde ele foi traído, julgado, condenado e morto.
Se entristeceram com a sua morte, mas se alegraram também com a sua ressurreição. E agora, o que restava era a promessa, de que com a sua partida, ele, Jesus, lhes enviaria o Consolador: “Eu rogarei ao Pai e ele lhes enviara outro consolador, para que estejam sempre com vocês...” (Jo 14.16)
A festa na cidade de fato era diferente. Estavam esses homens todos reunidos num mesmo lugar. Recordavam de fato todos os momentos em que estiveram com seu Salvador. Certamente lembravam das palavras de Jesus que não os deixaria sozinhos, quando “de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados... e todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At. 2.2,4).
Deus mais uma vez estava visitando o seu povo. Mais do que isso, estava cumprindo a promessa que Jesus havia feito àqueles homens. O Espírito Santo, o Consolador, aquele que haveria de vir e abrir os olhos do entendimento, do coração e da fé para que pudessem compreender tudo que havia passado, estava agora presente na vida desses homens.
E ele não viria apenas para mudar a linguagem, o modo de falar, não, sua obra era especifica e necessária para aqueles homens: Com o envio do Espírito Santo, chegará o tempo de ser consolado.
E esse consolo que o Espírito Santo daria a esses homens, ao povo e a nós também, é a certeza de que Deus não abandonou o seu povo, pelo contrário, em Jesus, ele estava acolhendo, perdoando e salvando a todos.
Mesmo em meio a sua pobreza, enfermidade e rejeição, o povo sabia-se consolado por Deus. Sentiam seu amor presentes no seu dia a dia. Amor que dava-lhes a certeza de que Deus estava ao lado deles, dando-lhes forças para suportar as suas dificuldades.
Esse mesmo amor, que o povo sentiu, amor que os acolheu novamente com Deus, também está presente no nosso dia a dia, dando a nós a certeza de que Deus não nos abandona quando sofremos. Ele não está longe de nós por causa de nossa pobreza, mas antes, por meio de Jesus, ele se faz presente na nossa vida em todos os momentos.
Assim sendo, quando sofremos, Jesus está sofrendo conosco, quando choramos, Jesus está ao nosso lado chorando conosco, quando nos alegramos ele se alegra também.
Essa certeza só foi possível ao povo e a nós também, porque o Consolador é quem abre nossos olhos da fé para vermos, sentirmos e vivermos esse amor.
Em segundo lugar, em sua obra, o Consolador une novamente o povo de Deus. O povo que havia se separado de Deus devido a sua desobediência e a sua vontade de ser igual a Deus, agora é novamente unido em um mesmo lugar.
Esse lugar, no entanto, não é um espaço físico, como uma casa, ou qualquer outro lugar. Mas antes, é aos pés da cruz e do túmulo vazio que o Espírito Santo une a todos. E lá, ele oferece a paz de Deus. A paz que nos dá a certeza de que nossos pecados foram de fatos todos perdoado e que já não podem mais nos acusar diante de Deus.
É nessa certeza, que a culpa do nosso pecado foi apagada diante de Deus, que o Espírito Santo nos consola e aponta agora as nossas vidas para adiante, rumo a morada celeste a qual Jesus foi preparar para cada um de nós.
De fato, a festa que estava acontecendo tinha algo diferente. Ela agora não lembrava apenas a bondade de Deus presente na colheita. Mas ela ia adiante, ela trazia a certeza da presença de Deus no meio do povo. Presença que salva, perdoa e agora também consola. Por isso, o Pentecostes, representavam para eles um novo tempo. O tempo de serem consolados e também o tempo de anunciarem esse consolo a todas as pessoas. Um consolo que não parte da ação humana, nem de seus esforços, mas antes, vem do alto, de Deus. E este tempo nos dá a certeza de que a salvação que Deus nos oferece por meio do Salvador Jesus é real, presente e verdadeira em nossas vidas.
Eis o tempo sobremodo oportuno. Eis o tempo de sermos consolados pelo Espírito Santo. Um consolo que nos ampara, acolhe, une, nos da a paz e a certeza da salvação; “todo aquele que pedir a misericórdia do Senhor, será salvo” At 2.21. Amém
Pr. Elton Americo
PEL Paz Coxim-MS
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