A revista "Mensageiro Luterano" no mês de novembro trouxe como reflexão o tema "Vida e Morte". Refletir sobre "VIDA e MORTE" é algo importante e necessário, uma vez que essas duas realidades estão presentes no nosso dia a dia. A vida se manifesta de diversas maneiras, até mesmo de maneira cujas quais nós não esperamos; pode ser no nascimento de uma criança, no batismo e até mesmo quando a vida é preservada depois de um grave acidente, ou de uma enfermidade. Já a morte se faz presente na partida de alguém que amamos, nas perdas, nas batalhas que precisamos enfrentar e que muitas vezes nos sentimos derrotados. E da morte surge sentimentos como o choro, a dor, a ausência, o medo, a insegurança, etc.
"VIDA e MORTE", esse é o tema que está presente no evangelho de Mateus 25.31-46. E quem nos convida a refletir sobre esse assunto é o próprio Salvador Jesus.
"VIDA e MORTE" estão presentes em Jesus!
A primeira realidade que Jesus nos convida a olharmos é que "VIDA e MORTE" estão presentes N'ele.
Jesus estava com seus discípulos diante do Templo de Jerusalém. O Templo de Jerusalém era uma construção muito grande e bonita. A fachada do Templo era toda feita em mármore, enfeitada de objetos precisos oferecidos a Deus, entre eles uma grande videira de ouro. Havia também pedras preciosas e outras jóias. Toda essa beleza do Templo servia de orgulho para o povo, de maneira que os próprios discípulos de Jesus pararam admirados diante da sua grandiosidade (MT 24.1).Outro problema é que o povo achava-se seguro com o templo. Não confiavam mais em Deus, mas sim na grandiosidade do Templo.
Diante da admiração dos discípulos Jesus diz as seguintes palavras: "Não vedes tudo isto? em verdade vos digo que não ficará pedra sobre pedra" (Mt 24.2). Essas palavras de Jesus apontam para além do templo físico, para aquela construção. Jesus estava direcionando suas palavras para si mesmo, onde "VIDA e MORTE" se encontrariam. A destruição do Templo referia-se a morte de Jesus na cruz. Esse é o caminho de Jerusalém, a cruz. E é na cruz que "VIDA e MORTE" se manifestam. Os discípulos de Jesus, no entanto, parecem não compreender as palavras de Jesus, por isso, em particular, peguntam: "Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação dos séculos" (Mt 24.3).
A morte de Jesus na cruz faz parte da salvação que Deus preparou para o seu povo. Ali, onde a morte está presente, na cruz, está também presente o perdão e a salvação que Deus oferece a todas as pessoas. E é desse perdão e dessa salvação que a vida se manifesta e é estendida a todos aqueles que buscam refúgio ao pés de Jesus na cruz. Essa "VIDA" presente no perdão e na salvação que Deus estende a nós pela morte de seu Filho, nos acolhe para dentro do seu reino, nos consola diante da dor da morte, nos fortalece para que possamos enfrentar com coragem e fé os nossos problemas, as nossas enfermidades, nos ampara em nossa solidão e abandono e nos encoraja diante dos nossos medos e incertezas.
Mesmo que a morte de Jesus na cruz seja uma realidade muito dolorida para que possamos olhar, ela dirige os nossos olhos para frente, para a "ressurreição", onde a "VIDA" que nasce da cruz, passa a ser nossa vida também. Conforme o apóstolo Paulo: "Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós (nós) também sereis manifestados com ele, em glória" (Cl 3.4).
No dia do "Juízo", a "MORTE e a VIDA" de Jesus, ou seja, a cruz e o túmulo vazio, apontarão o caminho para a "VIDA eterna". Assim, todo aquele que creu em Jesus como seu Salvador e tomou para si a "VIDA e MORTE" de Jesus como único caminho para os cuidados de Deus receberão dele a "VIDA" em seu reino: "Vinde benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" (Mt 25.34).
"VIDA e MORTE" se manifestam em nossos relacionamentos.
A segunda realidade que se faz presente nas palavras de Jesus é que a "VIDA e MORTE" de Jesus se manifestam agora em nossos relacionamentos. O apóstolo Tiago expressa essa realidade com as seguintes palavras: "Assim, também a fé, se não tiver obras é morta" (Tg 1.7). O apóstolo Tiago não está dizendo aqui que é necessário fazermos algo (boas obras) para que possamos ganhar de Deus a vida que Ele nos oferece. Essa "VIDA" nós já recebemos por meio de Jesus, em sua "MORTE e VIDA". Entretanto, o que nos conecta com essa "MORTE e VIDA" é a fé que recebemos por meio do Espírito Santo, desde o nosso batismo. Essa fé é uma fé viva, que produz frutos. Jesus mesmo nos mostra os frutos que a "MORTE e VIDA" produzem em nós: "Tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste de beber...em verdade vos afirmo que, sempre que o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeste" (Mt 25.35-40).
A fé significa o reconhecimento e o compromisso com a pessoa concreta de Jesus. Porém, onde Jesus está presente? Ele está identificado na figura do próximo. Assim, quando acolhemos, cuidamos, amparamos, consolamos ao nosso próximo, é ao próprio Jesus a quem estamos amparando e acolhendo. O apóstolo Paulo expressa essa realidade quando diz: "Louvado seja o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai bondoso, o Deus de quem todos recebem ajuda! Ele nos auxilia em todas as nossas aflições para podermos ajudar os que têm as mesmas aflições que nós temos. E nós damos aos outros a mesma ajuda que recebemos de Deus" (II Co 1.3-5).
Esse é o significado da segunda tábua da Lei - "Amem uns aos outros". Vivendo esse auxílio mutuo, consolando uns aos outros, ajudando uns aos outros, estamos vivendo em parte o reino dos Céus aqui na terra. E a realidade do céu é essa: Cuidado, auxílio e consolo, reflexos do amor de Deus por nós.
Quando olhamos para as palavras do apóstolo Paulo vemos que primeiramente nós fomos saciados em nossa fome, sede, frio, abandono, prisão, etc. Agora, saciados pelos cuidados cuidados de Deus, que está presente na "VIDA e MORTE" de Jesus, nós vamos ao encontro daqueles que tem as mesmas necessidades que nós temos para que eles também possam ser saciados em sua fome, sede, frio, abandono e prisão. Assim, quando estendemos os cuidados que recebemos de Deus ao nosso próximo, estamos estendendo também o reino de Deus. E dessa maneira que a fé que recebemos por meio da "VIDA e MORTE" de Jesus se manifesta e se torna concreta, visível e viva por meio dos nossos relacionamentos. E o que o próximo vê nesse cuidado que recebe? A "VIDA" que Jesus esta oferecendo: "Vinde benditos de meu Pai!"
Todas as pessoas que negam a "VIDA e MORTE" de Jesus, estão negando para si a "VIDA" que Jesus está oferecendo, e trazendo para si a "MORTE eterna" (eterna separação de Deus).Como essas pessoas vivem somente para si mesmos, achando ter o controle sobre o seu próprio destino, quando precisam enfrentar a morte, se desesperam. Elas também temem o dia do "Juízo", pois, por não estarem unidos com a "VIDA E MORTE" de Jesus, não sabem qual será o seu destino final. É para essas pessoas que Jesus dirige suas palavras de "LEI": "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para os anjos e os seus diabos" (Mt 25.41).
Para todos aqueles que estão conectado (unidos)a Cristo, por meio da fé viva que o Espírito Santo produz e mantém nos corações, ouvem doce convite de Jesus: "Venham, benditos de meu Pai!" e como estão conectado com a "VIDA e MORTE" de Jesus manifestam essa "VIDA e MORTE" em sua ações, palavras e atitudes.
Conclusão
"VIDA e MORTE", essas duas realidades se fazem presentes em nossas vidas diárias. E muitas vezes nos trazem sentimentos como a dor, o choro, o medo e a insegurança. Jesus nos convida a olhar para essa dupla realidade de uma maneira diferente, através de sua "MORTE e VIDA", de sua cruz e ressurreição, onde encontramos consolo e esperança. É por meio dessa "MORTE e VIDA" de Jesus, que se manifesta em nossos relacionamentos, que podemos encontrar os cuidados e o amparo de Deus que nos acolhe em seu reino e nos oferece agora a "VIDA" eterna. Amém.
Elton Americo - Formando em Teologia.
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