Essa semana que se passou recebi um e-mail que falava a respeito da educação. O que chamava a atenção nessa mensagem sobre a educação era para onde era apontada a educação. Ela não estava apontada para os livros ou para os grandes saberes, mas antes para os olhos. Educar por meio dos olhos, ensinar a ver.
É por meio dos olhos que podemos olhar ao nosso redor e ver as maravilhas de Deus. Mais, para além disso, podemos ver a sua presença em suas maravilhas.
O texto bíblico a pouco lido do profeta Isaías nos mostra a importância de termos os nossos olhos “ensinados” para podermos ver o “chamado” que Deus nos faz para uma vida diante da sua presença e de seus cuidados.
O povo de Israel havia se desviado da presença de Deus. O povo havia esquecido os grandes feitos pelos quais Deus os havia dado liberdade e o direito de serem o povo escolhido de Deus. O Profeta Isaías inicia o seu livro relatando a respeito dessa corrupção, desse desvio de conduta: “Escutem, céus; ouça ó terra! O SENHOR é quem fala: Eu criei e eduquei filhos, mas eles se revoltaram contra mim” (Is 1.2).
Isaías denuncia toda a maldade que se encontra no coração de Israel que se mostrava de maneira clara na desigualdade social encontrada entre o povo e na falsa piedade e práticas religiosas que escondiam a opressão exercida sobre os mais fracos e excluídos. Com essa denúncia o profeta aponta para o orgulho e para idolatria que estava levando o povo a esquecerem de Deus e de seus ensinamentos.
O povo de Israel precisava novamente ser “ensinado” a voltar seus olhos para Deus. O caminho em que seus olhos apontavam estava levando o povo à ruína, a destruição. Um caminho trilhado pelo orgulho, idolatria e auto-justiça levaria o povo a condenação, a qual se daria na escravidão.
É diante desse quadro da corrupção do povo que o profeta Isaías fala sobre o seu chamado para ser o mensageiro de Deus. E ele sabe e reconhece que a importância não estava no ser chamado em si, mas sim naquele que chama e na mensagem a ser anunciada.
Com as palavras: “eu vi o SENHOR assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo” (Is 6.1) o profeta aponta para o único e verdadeiro Deus, donde a salvação para o povo poderia ser encontrada.
O rei Acaz temia pela segurança do povo de Judá e julgava que a salvação estava em fazer alianças com outros povos. Por isso o profeta precisa mais uma vez apontar para a única fonte de salvação possível: para Deus. É vivendo diante da presença de Deus e de seu trono que o povo terá segurança. Diante desse tempo de insegurança brilha a promessa do Emanuel, ou seja, “o Deus conosco” confirmando a presença de Deus como proteção para o seu povo.
Essa, muitas vezes é a nossa situação também. Diante dos problemas que nos cercam e da nossa limitação a qual nos mostra muitas vezes a nossa fraqueza, somos tentados a olharmos para outros caminhos e colocarmos a nossa confiança longe de Deus. Por isso, os nossos olhos precisam sempre de novo ser voltado para Deus, onde podemos encontrar socorro e proteção. É no “Deus conosco” que podemos colocar todas as nossas frustrações e fraquezas, certos de nunca seremos desamparados.
O profeta experimento tal sentimento. Diante do trono de Deus, sabe que não pode ver a Deus face a face. A presença dos anjos e serafins e a fumaça que encheu o lugar onde estava indicava isso. O profeta sabe que por causa de seu pecado não pode estar diante da presença de Deus, por isso exclama: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, O SENHOR dos Exércitos!” (Is 6. 5).
Essa é a mesma reação que vemos em Pedro, no evangelho, após a pesca maravilhosa realizada por Jesus: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lc 5 . 8).
Ambos, Isaías e Pedro, sabem que não podem ver a Deus por causa do seu pecado, e continuarem vivos: “Não me poderás ver face a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Dt 33.20)
No entanto, a resposta dado por Deus ao profeta mostra como Deus age com aqueles que reconhecem seus pecados e colocam sua confiança em Deus: “Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz...com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado”. (Is 6.7).
“Eis que a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado”. Que belas e consoladoras palavras Isaías ouviu. Que belas e consoladoras palavras ouvimos nós. Quando, diante de sua situação de pecador diante da presença de Deus, Isaías esperava pela condenação, ouviu palavras de consolo, de amparo, de salvação. Deus não o rejeitou por causa de seu pecado, antes o acolheu e lhe deu alívio para a sua angústia: “Os teus pecados estão perdoados”.
Esse é o resultado de uma vida diante do “Deus conosco”. Somos acolhidos, amparados e temos os nossos temores e consciência aliviados com as palavras: “Os teus pecados estão perdoados”.
Isaías não apenas ouviu tais palavras, mas pode com os seus olhos ver e sentir a salvação que Deus estava preparando para o seu povo. Uma salvação que se faria presente no meio do povo, que andaria no meio do povo e que acolheria o povo em suas fragilidades, fraquezas, abandono e pecado e daria ao povo o alívio, o descanso de suas cargas ao oferecer-lhes o perdão e o cuidado que vinha de Deus.
Por isso as palavras ditas pelo SENHOR: “A quem enviarei, e quem irá por nós? Aponta para dois caminhos: 1. Para o próprio profeta Isaías, o qual iria para anunciar ao povo rebelde de Judá o juízo de Deus.
O povo não quis ouvir e nem ver a salvação a qual Deus estava preparando para eles. Se sentiam seguros em suas alianças feitas com outros povos. Por isso não conseguiam ver a sua real situação de povo rebelde e afastado de Deus, nem a necessidade de serem salvos. O que resta para esse povo é o Juízo de Deus.
2. Essas palavras “A quem enviarei, e quem irá por nós?” aponta para o Salvador o qual Deus enviaria para resgatar o povo: Jesus, o Deus conosco.
Toda a mensagem do profeta Isaías será para convidar o povo de Israel ao arrependimento e abandonarem suas vidas de rebeldia e agora apontarem seus olhos para a salvação a qual o próprio Deus estava enviando do céu.
E esse convite também é para nós: Deus está nos convidando, por meio de Jesus, para termos uma vida diante de sua presença e de seus cuidados. É por meio de Jesus que temos acesso a presença gloriosa de Deus.
Quem aponta os nossos olhos para o Salvador? Essa é a nossa pergunta. A resposta é próprio Deus quem nos dá. Por meio da ação do Espírito Santo temos os nossos olhos apontados para o caminho de nossa salvação: Para a cruz de Jesus. E é lá, ao pé da cruz, que encontramos o perdão e a vida diante da presença de Deus. Uma vida de gratidão e louvor por causa da sua graça para conosco, como nos coloca o salmista Davi: “Render-te-ei graças, SENHOR, de todo o meu coração... por causa da tua misericórdia e da tua verdade...” (Sl 138.1-2).
Misericórdia e verdade que se revelam nas palavras: “A tua iniqüidade foi tirada, os teus pecados, perdoados”. Palavras que revelam a nós o amor e cuidado que Deus tem por cada um e como ele faz para vir ao nosso encontro e nos acolher em nossa fraqueza e pecado.
E acolhidos e aceitos por Deus, podemos então responder como o profeta Isaías: “Envia-me a mim Senhor”. Envia-me a mim para que eu possa compartilhar com todos a maravilha de uma vida diante de tua presença. Envia-me a mim para que eu possa anunciar o seu consolo e amparo a todos que estão cansados e desanimados por causa do pecado. Envia-me a mim para anunciar as Boas Novas que trazem alegria, perdão e salvação. Envia-me a mim para que eu possa ajudar o meu próximo a olhar para o Salvador Jesus e encontrar nele o descanso para suas aflições.
Envia-me a mim, não porque eu mereço, ou sou melhor que o meu próximo, não. Mas sim porque sou tão pecador como eles, mas encontrei em tua graça o refrigério, o amparo, a paz e o perdão e desejo compartilhar essa graça com cada um agora.
Certamente quando somos ensinados pelos nossos olhos, não apenas aprendemos, mas vivemos o aprendizado pelos olhos. Deus nos convida, pelos nossos olhos, a vermos a salvação que ele nos preparou. Uma salvação que nos acolhe, ampara e nos diz: “Os seus pecados estão perdoados”. E nessa salvação que encontramos alivio para as nossas dores e uma vida diante da presença e dos cuidados de Deus, certos de que, em Cristo: Deus está conosco!
Elton Americo - Estagiário Sapiranga
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