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terça-feira, 6 de julho de 2010

Deus Consola o seu povo - Is 66.10-14

Choros, lágrimas, rostos de decepções, essa foi à imagem do brasileiro nessa útlima semana que se passou. Um sentimento de abatimento e derrota rondava o coração de cada pessoa ao ver a seleção Brasileira de futebol eliminada da copa do mundo.
Mais que um time, a seleção representava um símbolo, a imagem de cada brasileiro. Ela representava a nação e as suas expectativas. Seus anseios, seus sonhos, sua esperança. E de repente, noventa minutos, e tudo se foi. O sonho se foi, a esperança se foi. E o que restou foi o choro, as lágrimas, a decepção e um povo que precisa agora ser amparado e consolado após a sua queda.
Choro, lágrimas e decepção! Esses são sentimentos que o povo de Israel conheciam muito bem. Sua história como povo mostra como essas marcas estavam sempre presente em sua trajetória.
O povo de Israel havia sido escolhido pelo próprio Deus para ser o seu povo. E a promessa de Deus para esse povo é bem simples: enquanto eles andassem nos caminhos de Deus, e deixasse que Deus cuidasse deles, então Deus os abençoaria e os faria em grande nação.
Todos os elementos para uma história feliz se desenhavam para o povo de Israel. No entanto, sua trajetória, sua história é de sofrimento, choro e escravidão.
O povo não guardou a promessa, adorou outros deuses, colocaram os seus cuidados em falsas alianças com outros povos e desprezaram o cuidado e o amor que Deus estava oferecendo a eles. Resultado disso: O povo foi levado escravo pelo reino da Babilônia, viu sua terra natal sendo deixado para traz, suas casas sendo queimadas, seus filhos mortos, o templo destruído. Toda a sua esperança como povo de Deus estava agora escorrendo como as lágrimas de desespero e desânimo em seus rostos. E o que resta no coração do povo, junto coma a sua história triste, é um sentimento de abandono, desamparo e fracasso. Deus, no pensamento do povo, os havia abandonado.
Quando vemos nossas casas sendo levadas pela enxurrada, sobrando apenas escombro, nossos filhos desesperados frente a morte e sendo obrigados a dividir um colchão, comida e a dignidade, também nos sentimos abandonados por Deus. Em lugar de uma história feliz, vemos também uma história triste se escrevendo em nossa frente.
Para o povo de Israel, ser tirado de sua terra natal era muito mais do que apenas serem transportados de um lugar para o outro. Antes representava para aquele povo a perda de sua identidade. A perda do seu “símbolo”; o ser o povo escolhido de Deus. E agora, o que resta para o povo é o choro, a vergonha e o lamento por não terem dado ouvido ao chamado de Deus ao arrependimento, feito por meio do profeta Isaías. E nada havia que o povo pudesse fazer para mudar a sua situação.
É diante desse sentimento de fraqueza e abandono do povo, que Deus envia por meio do profeta Isaías uma mensagem de consolo para o povo: “Regozijai-vos juntamente com Jerusalém e alegrai-vos por ela...porque assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações, como uma torrente que transborda; então mamareis, nos braços vos trarão e sobre os seus joelhos vos acalentarão...” (Is 66. 10, 12).
Deus estava renovando a esperança do povo. Ele estava libertando o seu povo e trazendo-os de volta para a terra que o próprio Deus havia dado a eles. Deus estava restaurando no povo o seu “símbolo”; o de ser o povo escolhido de Deus. A reconstrução do templo mostrava isso.
Certamente que ao regressarem a sua terra e verem suas casas destruídas e a ruína do templo, um novo sentimento de frustração tomou conta do coração daquele povo.
Mas, salvação que Deus oferece ao povo é uma salvação completa, que opera uma nova criação naquele povo, ou seja, Deus não apenas traz o seu povo de volta, mas ainda o sustenta, lhes da a paz, os consola e devolve a felicidade ao povo.
Dessa maneira, Deus estava animando o povo a recomeçarem suas vidas, guiadas agora por aquilo que Deus estava oferecendo:
- O Sustento: “para que mameis e vos fartarei dos peitos das suas consolações: para que sugueis e vos deleiteis coma abundância da sua glória” (Is 66.1). Dentro dessa nova oportunidade que Deus estava oferecendo ao seu povo, certamente o sustento tanto físico (comida, casa, lar, etc) como espiritual (palavra) estavam sendo oferecidos em abundância, ou seja, sem medidas, para o povo. A figura do leite materno (para que mameis e sugueis) nos mostra isso. O leite materno é um alimento completo, que supre todas as necessidades da criança. Dentro dessa “nova criação”, Deus oferece o sustento completo que supre todas as necessidades do povo.
Esse “sustento” que Deus ofereceu ao povo de Israel, continua sendo oferecidos a nós hoje. Deus continua nos oferecendo o alimento completo que supre todas as nossas necessidades, tanto física (família, emprego, pão de cada dia, saúde, etc) como espiritual (palavra e sacramentos). E a promessa de Deus para nós é; que nos deleitemos com a abundância da sua graça” (Is 66.1)
- Paz: “Porque assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações, como torrente que transborda; então mamareis, nos braços vos trarão e sobre os joelhos vos acalentarão” (Is 66. 12). Dentro da figura de uma mãe com um filho, o colo da mãe é o lugar onde a criança se sente segura, tão segura que ela dorme tranqüila na certeza de que está protegida: do frio, pois o corpo da mãe a esquenta e dos perigos, pois a própria mãe a protege. A paz que Deus está oferecendo ao povo, é uma paz que vai além da simples ausência de guerras ou problemas, mas antes é a certeza, que no “colo” do pai eles estão protegidos, por isso, podem repousar tranqüilos.
Esse é o convite de Deus para cada um de nós; que possamos nos colocar nos “braços do pai” assim como uma criança se coloca inteiramente aos cuidados do colo da mãe, e deixar que Deus nos proteja dos nossos problemas, das nossas dores, dos nossos pecados, na certeza de que em seus braços encontramos paz e proteção.
- Consolo: “Como alguém a quem a sua mãe consola, assim eu vos consolarei, e em Jerusalém vós sereis consolados” (Is 66.13). Em meio a todo o sofrimento que o povo havia passado em sua escravidão e agora também com o desafio de recomeçar as suas vidas, reconstruir suas casas, seu templo, etc, Deus se faz presente com o seu consolo. Esse consolo é a certeza de que Deus não havia abandonado o povo quando eles estavam sofrendo. E Era a certeza também de que Deus estaria com eles nessa nova jornada que se iniciava. Sem esse consolo de Deus o povo não teria forças nem animo para recomeçarem.
Esse consolo é oferecido ainda hoje a cada um de nós. Ele está presente no perdão que Deus nos oferece e na oportunidade de podermos recomeçar as nossas vidas na certeza de que nossos pecados foram de fato apagados diante de Deus. O consolo de Deus para nós se faz presente na cruz do Salvador Jesus, onde podemos deixar as nossas cargas pesadas causadas pelo pecado, na certeza de Cristo nos ampara e alivia de nossos ombros essas cargas.
- Felicidade: “ Vós o vereis, e o vosso coração se regozijará, e os vossos ossos revigorarão como a erva tenra” (Is 66.14) A Salvação de Deus para o povo, a qual daria ao povo a certeza do sustento de Deus, sua paz e o seu consolo, também produziria no povo um novo sentimento: “Felicidade”. Essa felicidade não seria apenas um sentimento de bem-estar, mas antes seria a certeza de que “a triste história” que o povo passava havia tido um fim, e o que se faria presente é a “feliz história” que Deus havia preparado para o seu povo. E dentro dessa “Feliz história”, o choro, o abandono e o lamento dariam lugar para a alegria e para a nova vida. A nova vida que tinha seu início com a reconstrução de sua terra, mas que ia até o futuro, na salvação que Deus havia prometido a eles.
Esse é o sentimento que a vida que Deus oferece aos seus filhos produz; Felicidade. Felicidade em saber que Deus nos uniu novamente com ele, nos dando a certeza de uma nova vida. Uma nova vida com seu inicio aqui nesse mundo, nos reerguendo das decepções sofridas no dia a dia, como a eliminação na copa do mundo, ou na reconstrução total de nossas vidas depois de uma tempestade.
Essa felicidade aponta nossos corações também para a eternidade, para a vida a qual Jesus conquistou para nós, na qual a presença de Deus e os seus cuidados serão permanentes e a decepção, a dor, o choro e a lágrima não mais existirão.
Certamente que essa semana foi uma semana triste para nós brasileiro. Choramos, nos decepcionamos. Foi uma semana difícil também para as pessoas no nordeste, que viram suas vidas serem levadas nas enxurradas. Mas é nesse momento de dor, decepção e choro que Deus tem uma palavra de consolo para nós: Regozijai-vos juntamente com Jerusalém, alegrai-vos “com ela”, porque Deus veio ao nosso encontro para nos resgatar, enxugar de nossos olhos as lágrimas e nos dar a oportunidade de um recomeço. Amém.

Elton Americo - Estagiário Sapiranga - RS

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