Se existe uma palavra que cativa, que chama a atenção de cada um de nós, certamente essa palavra é liberdade. E podemos até dizer que a “liberdade” existe de diversas formas.
As propagandas comerciais vendem a idéia, o desejo de sermos livres, de termos a “liberdade para fazermos o que bem queremos”.
Outros começam a sentir o gostinho de liberdade quando começam a trabalhar, garantindo assim seu sustento próprio e deixando assim de ser dependentes. Assim, nós poderíamos fazer uma lista do que significa para nós liberdade.
Há algo muito profundo dentro de nós que deseja, que aspira pelo sentir-se livre. No entanto, há algo bem fundo dentro de nós que diz que ainda não o somos.
O texto de João a pouco lido fala sobre “liberdade”. E ao mesmo tempo em que ele fala sobre a liberdade ele aponta para a única forma de se conseguir essa liberdade, ou seja, por meio da “verdade”: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” .(Jo 8.31-32)
Mas que “verdade” é essa? Em um mundo em que existem várias verdades, vários caminhos, será possível afirmar que existe uma única “verdade que liberta”? Essa poderia ser a pergunta de cada um de nós. Essa foi à pergunta do povo judeu. Como poderiam eles, que eram descendência de Abraão, serem escravos, ou pior ainda, necessitarem serem livres. E como poderia algo tão subjetivo com a “verdade” os tornarem livres. Com a sua objeção, os judeus provaram nesse diálogo que não eram livres, porque não conheciam à verdade sobre eles mesmos.
O povo judeu não compreendeu que Jesus estava falando da escravidão que atinge todas as pessoas em todos os tempos. Que não faz distinção entre “filhos de Abraão” ou “gentios”, mas que antes aprisiona a todos, a escravidão do pecado: “Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34).
Essa foi à realidade que Martinho Lutero descobriu, da qual ele próprio sentiu falta em sua igreja. O reconhecimento do pecado humano e da ação graciosa de Deus em nos libertar dessa escravidão.
E quando a “verdade” e o permanecer firme na “Palavra” foram sufocados que uma reforma se fez necessária. Não uma reforma com vista à liberdade de crença. Nem mesmo com a intenção de se criar uma nova denominação, mesmo que isso tenha se tornado necessário depois. E muito menos uma reforma para se criar uma nova fé. Mas antes uma reforma que trouxe de volta aos pecadores o consolo e a graça de Deus. Uma reforma que colocou a “verdade que liberta” de novo em primeiro lugar na vida do povo de Deus.
E essa liberdade da qual Jesus fala ao povo, a qual Lutero via como o maior tesouro da Igreja, nos torna verdadeiramente “livres”. Livres do pecado e da condenação eterna. Livres dos terrores de nossa consciência que sempre de novo nos mostra quão pecadores e longe de Deus estamos. E a verdade que nos traz liberdade é essa: “Se pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36).
Nessas palavras repousam toda esperança, toda liberdade, todo o consolo que a “Verdade” que liberta pode trazer. Paulo reflete essa verdade da seguinte maneira: “Que Deus estava em Cristo (Filho, Verdade) reconciliando consigo o mundo” (2 Co 5.18). Negar essa verdade significa negar a própria liberdade.
Quando colocamos a nossa confiança em outros caminhos, em outras verdades que não seja o “Filho”, estamos longe de conseguirmos a verdadeira liberdade. E quando isso acontece, nossa fé está em perigo, nossa salvação está em perigo, e porque não dizer, a nossa vida está em perigo. E isso tudo acontece porque esses caminhos são falsos.
E esses caminhos falsos nos desviam da “Verdade”, do “Filho” e de tudo aquilo que ele fez para nos dar a liberdade e a vida. E quando isso acontece, necessitamos urgente de uma nova reforma. Uma reforma que, assim como aconteceu com Lutero e a Igreja do século XVI, coloque novamente Cristo no centro da pregação e da vida do povo de Deus, da sua igreja.
O único e verdadeiro caminho que conduz a cada um de nós a liberdade, que nos traz perdão, consolação e esperança. Que revela a nós o amor de Deus e sua misericórdia. Que nos dá a vida eterna é o Salvador Jesus. É em sua morte e ressurreição que encontramos a “Verdade” libertadora.
O reformador compreendeu muito bem o valor da obra de Jesus em favor de todos, por isso escreveu: “Creio que Jesus Cristo... é meu Senhor. Pois me remiu a mim, homem perdido e condenado, me resgatou e salvou de todos os pecados, da morte e do poder do diabo; não com ouro ou prata, mas com seu santo e precioso sangue e sua inocente paixão e morte, para que eu lhe pertença...” (Explicação do 2º artigo do Credo- Catecismo Menor).
Lutero via na morte e ressurreição de Jesus vida, perdão e liberdade. Liberdade do pecado, da morte e do poder do diabo. E agora por meio de Jesus ele reconhece que se torna também filho de Deus.
Quando confessamos que somente em Jesus encontramos a verdade que liberta, reconhecemos também que dele recebemos vida, perdão e liberdade. E somos feitos também filhos de Deus.
Certamente temos muitas idéias sobre liberdade. E talvez nenhuma dessas idéias nos dê a verdadeira definição do que é a liberdade.
Jesus nos mostrou onde podemos encontrar a verdadeira liberdade. Uma liberdade que traz à cada um de nós vida, perdão e salvação. Que nos liberta da escravidão do pecado, da morte e do diabo. E que nos dá a certeza do amor de Deus por nós.
Uma liberdade que aponta para o único e verdadeiro caminho para a nossa salvação – Jesus Cristo.
É por meio dessa liberdade que podemos, confiantes afirmar: “Jesus Cristo é a verdade que nos liberta.”
Elton Americo - Estagiário/Spiranga-R.S
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